Mapa dos dialetos da Itália
Imagina fazer um mochilão de 3 meses, sem falar bem o italiano, para conhecer o país dos seus avós e conversar com seus tios-avós e família.
Há menos de dois séculos atrás, a Itália não tinha um idioma único, o que é um fato relativamente recente para um lugar onde praticamente tudo é milenar. Meu avô costumava passar horas me explicando o significado das letras das óperas antigas cantadas em dialetos diferentes, e, nessas nossas conversas, pude entender que, àquela época, um romano não conseguia se comunicar com um napolitano. Ou pior, um calabrês do norte achava incompreensível o que dizia um calabrês do sul. Eram línguas completamente distintas, faladas por um país que não era propriamente um país, mas um conjunto de regiões dominadas por povos europeus independentes que não se correlacionavam linguisticamente. A situação era tão absurda que não seria possível andar 10km sem fazer uso da comunicação por mímica para provar um tipo de vinho produzido por famílias de outras redondezas.
Foi, então, que um grupo de intelectuais resolveu pôr fim em toda essa confusão e definir o idioma oficial da península itálica. Como verdadeiros italianos que eram, eles idealizavam a beleza e, por isso, buscavam o que seria considerado o dialeto mais bonito, capaz de expressar tão magnificamente um sentimento em palavras, aquele com maior harmonia sonora, um som que saísse deliciosamente dos lábios e chegasse como música aos ouvidos, e se renderam ao encantos da poesia contida em A Divina Comédia, obra do florentino Dante Alighieri, um dos caras mais influentes da literatura universal. Diante desse nobre critério, o dialeto falado pelas ruas de Florença se tornou predominante ao definirem a língua oficial do país.
Mas foi só com a chegada da televisão, por volta da década de 50, que a língua italiana realmente se popularizou e começou a ser falada também nos pequenos vilarejos. Não que o dialeto tenha sido esquecido, pelo contrário, continua muito vivo, principalmente entre os mais velhos.
Leu até aqui? Pois te conto, a viagem foi incrível! E, sim, conseguimos nos entender…